sábado, janeiro 20, 2007

Os pedaços reconstroem-se surgidos do chão, a levitar no ar, em pequenas reflexos brancos que moldam o que de mais há a contornar os corpos e as coisas. Vamos dançando a forma do nome e dando nos formas a estas pequenas partículas etéreas.
Aguardamos respostas no tecto do mundo com o espelhar atento que nos banha os olhos. Agitamos o ar que por sua vez nos agita a nós e nos define o espaço. Este espaço vazio de tudo o que não é história e a origem do solo. Do subsolo. Por onde se transporta tudo o que nos faz sonhar, como o som, o cheiro ou a luz.
Há sempre mais no que não se vê. Nó de cabeça inclinada a olhar a matéria escura. O breu da muralha onde um dia se penduraram pontos de luz como pequenos tesouros na plenitude teísta. Continuamos a dançar, a embainhar os braços, as mãos e os dedos, uns de acordo com os outros, todos de encontro aos outros, sós, em nós, a agitar o que sempre lá esteve e que de nós não precisa, nem nunca precisou, e não precisa de ter noção e não precisa de consciência. Não precisa de saber. Basta estar e fazer-se agitar, e agitar tudo o que nos envolve para nos dar a ver que tipo de dança nos programaram amanhã, quando a beleza não for questionável e o tempo deixar de ser um mistério irresolúvel. Taciturno para uns, madrugador para os outros.
O vento revelar-se-á pelo vento, a luz pela luz, o deserto pela origem e o mar pela sensualidade dos sonhos.
Depois de juntar todas as partículas, apareceste tu e conversámos sobre a forma das mãos, marcámos um novo encontro e despedimo-nos com reencontro marcado para quando formos apenas um doce bálsamo. E não haverá ninguém a quem culpar ou julgar…

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

...ninguém a quem cobrar pelo que não conseguimos ser. Ninguém a quem perguntar: "porque não sentes ou não te dás a sentir?". Isso de sentir ou nao já não me interessa nada. Vendo-me e até recebo trocos...A verdade tornar-se-á apenas aquilo em que quisermos acreditar e mais ninguém terá algo a dizer. Só nós, os que nisto mandamos e que só somos manipulados, comprados e corrompidos até ao ponto em que o queremos realmente ser/deixamo-nos ser assim que só mais um bocadinho dá sempre jeito!
As mãos e as falas que nunca se trocaram contiuam por lá e quanto ao que realmente existiu...foi tão menos do que aquilo que se poderia ter sonhado!
Dá-me mais!!!

Para não variar, gosto tanto de te ler que dá-me vontade de não parar de comentar...nem sei se vai no mesmo sentido do que dizes ou sentes mas é o que digo e o que sinto quando te leio.Obrigada.

21 janeiro, 2007  
Blogger Ricardo Frutuoso said...

Obrigado uma vez mais!!!!
Beijinhos e até já.

21 janeiro, 2007  

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