sexta-feira, outubro 06, 2006

Sempre foi minha ambição saber ler. Um dia vir a ler como ninguém. Essa era inequívocamente a premissa de um desconjuntado adolescente. Sem acne, imberbe, sem nada a revelar, rigorosamente nada a revelar. Talvez nem isso tenha mudado. Ainda que revele um crecimento visível se remontarmos a esses dias, pois que o corpo se expandiu para todos os lados. Incontrolável. Mais perto de tudo, curiosamente. Até que o mundo encolheu e me tornei gigante. Um gigante dócil, mas um dócil gigante. Continuei a ler. Continuei sem reler. Confesso que não releio, pelo menos livros inteiros, e o mundo voltou a cresçer à minha volta. Voltou a expandir-se. Cada vez maior à minha volta. Até que percebi que sempre li como ninguém. Por ser singular. Desculpei-me a evidência; tudo tem um tempo para se revelar não é?! Pois comigo assim foi, preso na rede e a tentar perceber onde sou fugitivo... trabalho que se revelou para uma vida inteira. Assim como ler. Assim como escrever.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ainda bem que te aceitas tal como és e assim, especial como és, nós (os que te conhecem de alguma forma) gostamos de como escreves e de como lês.
Eu, que nunca te ouvi ler nada já sei o que te vou pedir que faças num próximo encontro.Se conseguires ler metade de bem do que escreves já é bom.
Agora já tenho mais um cantinho para visitar...o teu.
Fica bem e escreve Ricardo, escreve!!!

13 outubro, 2006  
Blogger Ana Fonseca said...

Gostei muito, do texto, do sentido, do modo como expões esta tua proposta! Vou vir aqui a reler-te mais vezes e convido-me a entrar nesta rede! Gostei da ideia do mundo que se expande e que cresce quando lês... também é assim quando se escreve, acho eu! Beijinhos e obrigada pelo link para o meu espaço no teu... A minha praia deserta também está aberta aos teus passeios (o nome até tem muito a ver com umas coisas de que fazes parte, não é? Sempre gostei dessa música "na praia deserta, dos dias que passam...)

13 outubro, 2006  
Blogger Noa said...

Parabéns pelo Blog.
E parabéns pelo texto.
Lindo modo para expor e explicar a que veio.
Me identifiquei muito com este texto por que é assim que me sinto às vezes, um gigante. Um gigante abominável.
Dócil, às vezes. Mas abominável.
E singular. Exactamente como descreves.
Continue a escrever assim, adorei e passarei a visitar-te com frequência. Bjks

16 outubro, 2006  

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