sábado, novembro 18, 2006

Acordei a pensar num concerto de Jazz que vi ontem. Ía comendo e pensando na variação harmónica de algumas coisas que ouvi. Se alguma vez na vida me lembraria de criar coisas assim.
Dei por mim com vontade de remexer no meu passado, que é coisa que confesso, não ter grande fascínio.
Estava à procura de umas partituras antigas quando encontrei um pseudo-poema escrito por mim. Um poema que com certeza gostava de ter visto ser entregue ao destinatário. Na altura não o fiz e agora, para além de não me lembrar a quem se dirigia, tinha um papel exposto ao desgaste do tempo sem ser lido.
Uma vez que continuo sem saber quem tu és, tu, a segunda pessoa do singular, fica aqui o registo no caso de o vires a ler um dia não sabendo que era para ti, e eu sem saber que o vieste ler aqui, a este circunspecto cantinho.
És todos os dias
Um prospecto silêncio
Roubo-te-nos exímio no lado do Deserto
Aqui não há nada
Nada se cria
Nada cresce
Não há plantas nem flores
Tudo cheira ausente
Há muito
Do vazio vazio inconsequente
Não há poesia
Não há talento nem tempo
Cego
Seco
Quente
( )

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Meu querido Ricardo: provavelmente sem que disso te tenhas apercebido, criaste uma coisa que é muito difícil de se fazer (com qualidade porque sem qualidade é fácil..) Em vez de ser eu, vais tu mesmo sentir o que te quero explicar: lê o poema de trás para a frente por favor...
...
Vais perceber que não se altera em nada o sentido que querias dar e ainda que o jogo das palavras é tão ou mais belo do que na forma original em que foram escritas...Estavas a pensar no concerto de jazz e encontraste num papel a prova de como és músico (da música e das palavras)...fantástica a melodia que se ouve nesta sequência de palavras..li-as umas quantas vezes.
Gostei, obrigada.

18 novembro, 2006  
Blogger Ana Fonseca said...

Fantástico! Que boa observação, Tânia! Quanto a esse tu, segunda pessoa do singular, que não sabes já quem é... Ainda bem que existiu e te fez criar este poema! Gostei muito do jogo de palavras! Beijinhos

21 novembro, 2006  
Blogger Noa said...

Nossa, já não navegava a tanto tempo...e agora fiquei assim, surpresa. Que texto tão lindo que encontrei!!!
A 2ª pessoa do singular aparecerá quando menos esperares. Às vezes até já a conhece, só que ainda não sabe.
Mas o que queria dizer e acabei me por me dispersar é que adorei o poema.
E a observação tânia é muito boa, ela tem razão. É mesmo encantador o jogo de palavras criado.
Fica bem e com uma beijoka :o)

02 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Não te vou dizer que tens qualquer coisa que te diferencia de todos os outros porque isso todos temos, nem te vou dizer q

11 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

tinha que fazer disparates logo no 1º comentário, era suposto ser só um comentário..."...nem te vou dizer que tens um dom para as artes porque isso toda a gente te diz.Sendo assim, deixo apenas um primeiro comentário para o próximo poder ser o segundo..."

11 dezembro, 2006  
Blogger Ricardo Frutuoso said...

ah ah ah ah grande Rui!!! És um grande amigo!! manda lá vir essa voz!

15 dezembro, 2006  

Enviar um comentário

<< Home